vendredi 16 octobre 2009

Critica ao Livro "A vida com Proposito", de Rick Warren

Primeiro Dia - Tudo começa com Deus

Este livro começa bem. Os três primeiros parágrafos trazem uma promessa de mais grandes coisas por vir. Somos instados a considerar Deus em primeiro lugar em todas as coisas, porque Ele é o Criador de todas as coisas. Isto é precisamente onde Calvino começou suas Institutas da Religião Cristã, ressaltando que enquanto o conhecimento de si e o conhecimento de Deus parecem envolver um ao outro, na verdade o real conhecimento de si depende do verdadeiro conhecimento de Deus. O Sr. Warren prossegue, elaborando sobre dois métodos possíveis de buscar o verdadeiro auto-conhecimento: a especulação e a revelação. Nisto, ele também ecoa o procedimento de Calvino. Corretamente, ele descarta a especulação. Dado que não somos o Criador, portanto, não podemos nos pronunciar com autoridade sobre o sentido da criação. Corretamente, ele destaca a revelação, e com razão, ele identifica a revelação como a Palavra de Deus; a Bíblia. O Criador fala e assim define a realidade criada. Nosso conhecimento de nós mesmos, e de toda a criação, é verdadeiro se for baseado na revelação.

No entanto, no que se segue a grande promessa do que está por vir é destruída. O Sr. Warren afasta-se de Calvino e de toda sabedoria bíblica e bem fundada. Nas Institutas, Calvino parte para a reflexão sobre o impedimento do pecado e sobre a verdadeira Doutrina da Revelação na Bíblia. O Sr. Warren escamoteia a questão do pecado completamente. Assim, uma pergunta crucial é deixada de lado e, portanto, fica sem resposta: se somos a criação de Deus, então por que há dificuldades em se saber disso e em compreender corretamente nós mesmos e a realidade? Tendo contornado essa investigação completamente, o Sr. Warren, portanto, não traz nenhuma culpa para elaborar uma Doutrina da Revelação. Este afastamento da sabedoria bíblica conduz a muitos problemas, alguns dos quais são exibidos durante o decorrer deste primeiro dia.

Mesmo tendo destacado a "revelação" sobre a especulação, ele repetidamente fala do verdadeiro auto-conhecimento como aquilo que nós "descobrimos" (p. 18, 19, 20). Nossa "descoberta" é dita vir, "... através de um relacionamento com Jesus Cristo" (p.20). Mas, sem qualquer ideia clara do pecado em vista, esta ideia de "descoberta" não pode ser significativamente retratada como alguma coisa envolvida na Redenção. Esse problema sugere um refinamento da pergunta feita acima: se eu sou criação de Deus, então por que eu deveria estar sem um relacionamento com Jesus Cristo? Realmente, como é possível para qualquer criatura existir a menos de estar relacionada com o Criador? No entanto, não há nenhum indício de consideração dessas questões. Em vez disso, há apenas a garantia de que está dentro de nossa iniciativa e força começar uma tal relação; como ele diz, "Se você não tem essa relação, eu vou explicar posteriormente como começar uma" (p.20) . Isso, por sua vez, sugere outras questões, como por exemplo: Se Deus é o Criador de toda a realidade, e assim determina o significado e o propósito de todas as coisas, então como pode ter sentido falar de uma relação entre Deus e a Sua criatura, como dependente da iniciativa e poder da criatura? O Sr. Warren não nos fornece nenhuma explicação.

De fato, se eu "descubro" o meu significado e o meu propósito através da iniciativa que eu exerço para começar um relacionamento com Jesus Cristo, então o que realmente resta de um "Criador" ou qualquer "revelação" que consista em Sua Palavra? Como a Bíblia é essencialmente diferente do Corão, o Talmude, os Upanishads, o Bhagavad Gita, os Vedas, o I-Ching, o Ovídio, et. al.? Como a Bíblia é essencialmente diferente dos pensamentos da minha própria mente? O Sr. Warren encerra este primeiro dia com o que é suposto ser uma história inspiradora de um romancista russo ateu, que foi tomado por um grande desespero. E então, "... de repente, por si só, uma frase apareceu: Sem Deus a vida não faz sentido." (p.21) Como a Bíblia é essencialmente diferente de "por si só, uma frase apareceu"? Pode-se sugerir que a experiência do ateu russo é um exemplo da "revelação geral" da Natureza. De fato, a ortodoxia bíblica afirma que uma vez que os homens são de fato as criaturas de Deus e feitos à Sua imagem, é de sua natureza saberem disso e conhecê-Lo, embora no pecado eles procuram fugir Dele. Mas o Sr. Warren não traz nenhuma discussão comparando e contrastando a revelação “geral” da Natureza e a revelação “especial” da Bíblia. O ateu russo é apresentado como alcançando a verdadeira fé em Deus através de pensamentos que surgem na sua mente.

A ortodoxia bíblica defende, por um lado, que a revelação geral da Natureza é suficiente para que todos os homens conheçam seu dever para com Deus e, portanto, são "indesculpáveis" em seu pecado (Rm 1:18-23), e por outro lado, que somente a revelação especial da Bíblia é suficiente para a regeneração do homem na verdade (Rm 10:6-17). "Revelação" significa que Deus nos revela o que nós não poderíamos saber a menos que Ele nos falasse. Isto é o que torna a Bíblia diferente de outros "textos sagrados." A Bíblia é a Palavra do Criador sobre toda a realidade. Outros textos são as palavras de homens. A ideia verdadeiramente cristã é manter uma distinção clara e profunda entre o Criador e a criatura - entre o Deus que define e determina toda a realidade e o homem que habita, experimenta, e é limitado pela realidade. A autoridade da Bíblia, no pensamento e na vida dos homens é fundada sobre esta distinção. Sem esta distinção, a mente e os pensamentos de "Deus" não podem finalmente serem separados da mente e os pensamentos do homem. Neste caso, não poderia haver nenhuma diferença significativa entre a Bíblia e quaisquer outras palavras que pudéssemos encontrar.

Até então a mensagem do Sr. Warren parece ser: 1) O homem é uma criatura de Deus, mas 2) de algum modo a "criatura" pode existir sem relação com o "Criador"; 3) embora isto seja problemático para a criatura, no entanto ela pode exercer o seu poder e iniciativa para entrar em relação com o Criador; 4) algo que nós temos o hábito de se referir como "revelação" de alguma forma estará envolvido nesta "descoberta" do significado e o propósito da vida. Os conceitos do Sr. Warren sobre "Deus", "Homem", "Revelação" e "Descoberta" são bastante nebulosos. Portanto, nesses termos uma transformação de um homem da insignificância e inutilidade em significado e propósito é um processo mal definido de tornar-se; a criatura de alguma forma torna-se o que o Criador a fez para ser. Como o Sr. Warren o coloca, "Trata-se de se tornar o que Deus o criou para ser" (p.19).

Em contraste com isso, uma mensagem biblicamente ortodoxa defende que 1) é da natureza da criatura estar relacionada com o Criador - que nada pode existir fora dessa relação (Col. 1:17); 2) que o problema do Homem não consiste em uma dificuldade metafísica onde de alguma forma lhe falta essa relação, mas de uma dificuldade moral de ser um pecador, que infringiu a Lei de Deus e, portanto, permanece culpado diante Dele, ou seja, ele não está sem relação com Deus, mas carrega a relação de um pecador diante do seu Juiz, em vez de um filho diante de seu Pai, 3) que, portanto, a necessidade do homem não é "iniciar um relacionamento com Jesus", mas encontrar um remédio para o seu pecado; 4) e que a evidência da Natureza é suficiente para condenar todo homem que se recuse a se curvar diante do seu Criador, mas que somente a Palavra de Autoridade do Criador, o único que determina e interpreta toda a realidade, é suficiente para nos ensinar as verdades positivas de quem somos, o fato do nosso pecado, e o remédio oferecido por Deus em Cristo.

Enquanto o Sr. Warren começou seu tratado com a promessa de uma "distinção criatura/Criador," essa promessa não foi cumprida. Embora ele tenha pronunciado palavras negando a "especulação", no final, a visão que ele construiu pode não ser nada mais do que especulativa. Sua caracterização da verdade de Deus como uma “descoberta” humana implica numa correlação, e não numa distinção, do “Criador” e a “criatura”. Neste caso, o que podem “Criador” e “criatura” realmente significarem? Ou o homem é um pecador que deve humilhar-se diante do seu Criador para aprender da Sua Palavra a verdade do Criador e da criatura, ou então ele é “alguém que procura”, moralmente neutro, que deve permanecer livre para determinar o significado de “criador” e de “criatura” para si mesmo. O Sr. Warren deixou o pecado fora da discussão por completo, enquanto que sem uma verdadeira distinção "Criador/criatura" não pode haver uma ideia verdadeiramente bíblica do pecado. Sem uma ideia verdadeiramente bíblica do pecado, o Sr. Warren é forçado a uma posição de ter que abraçar justamente a especulação que ele fez um espetáculo ao rejeitar. Na falta de uma verdadeira ideia do problema básico do homem, ele é impedido de sugerir um verdadeiro remédio. Sua solução tem tudo a ver com "relacionamento" e nada tem a ver com "Redenção". Mesmo assim, seus parágrafos de abertura apresentam uma centelha de verdade. Temos que manter a esperança de que esta centelha possa ainda ser acesa e que suas deficiências possam ser superadas nos dias vindouros.


Por S. C. Mooney, em Purposen-Driven Journal

mercredi 16 septembre 2009

Obtendo o máximo de sua igreja, Parte 1

Obtendo o máximo de sua igreja, Parte 1

Atos 1:13-15, Atos 2:42, João 8:31; Números 22-25  
Código: QA178

John MacArthur

(traduzido do original em inglês: http://www.gty.org/Resources/Questions/QA178 ) 


A igreja mudou bastante ao longo dos séculos, tendo se tornado mais complexa e empresarial.  Hoje, ela é uma organização massiva, com denominações, comissões, comitês, conselhos, e programas.  Muitas vezes ela funciona mais como uma empresa do que como um corpo, uma fábrica, em vez de uma família, uma corporação ao invés de uma comunidade.

A igreja também se tornou obcecada com o sucesso, estabelecendo metas superficiais e atribuindo prêmios aos que conseguirem espremer o maior número de pessoas nos bancos da igreja aos domingos. Muitos líderes de igreja entram em pânico quando a linha começa a cair no gráfico, indicando uma queda na frequência e nas finanças. Como resultado, muitas igrejas se tornaram nada mais do que centros de entretenimento, oferecendo espetáculos a rebanhos passivos de frequentadores improdutivos. Tais métodos trazem as pessoas para a igreja, mas são incapazes de produzir qualquer crescimento  genuíno, bíblico, depois que elas vêm à igreja.


A menos que o Senhor Edifique a Igreja

Mas Deus nunca planejara a igreja desta forma - e Ele ainda não o faz assim.  Em Mateus 16:18 Jesus diz: "edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". Nada vai dominar a igreja. Mas nosso Senhor nos deu uma condição para essa grande promessa: "edificarei a minha igreja" (itálicos acrescentados). A garantia de Cristo é válida somente quando Ele constrói a igreja da Sua maneira.

Quando um edifício precisa ser construído, um arquiteto o concebe, produz um projeto, e um empreiteiro é contratado para construí-lo. Se o edifício não é construído de acordo com o projeto aprovado, o inspetor da prefeitura não vai liberá-lo. Da mesma forma, Deus elaborou um projeto para a igreja, e Cristo vai construí-la através de nós, de acordo com esse projeto. Quando seguimos o Seu projeto, as portas do inferno não prevalecerão contra nós. Mas se nós nos afastarmos do Seu projeto, nós perderemos essa garantia. Igrejas dos tempos do Novo Testamento, ao longo da história, e por toda a América fizeram exatamente isso. Muitas deixaram de existir porque não permitiram que Cristo construísse Sua igreja da Sua maneira.

Em Apocalipse 3:1, o Cristo ressuscitado tem o seguinte a dizer à igreja de Sardes: "Conheço as tuas obras [eram uma igreja ativa, com muitos programas], que tens nome de que vives, e estás morto". Apesar das aparências, essa igreja era operada por pessoas como aquelas que Coleridge tornou famosas em The Rime of the Ancient Mariner: "Cadáveres ocupam o navio; mortos puxam os remos; mortos içam as velas; mortos dirigem o navio". Sardes era um cadáver eclesiástico porque afastou-se do projeto divino.

Uma igreja do Novo Testamento seguiu o projeto perfeitamente. A primeira igreja - a igreja de Jerusalém - nasceu em uma reunião de oração no Dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo veio e encheu cerca de 120 pessoas reunidas em um cenáculo (Atos 1:13-15; 2:1-3). Após uma manifestação dramática da mudança que veio sobre aquelas pessoas, Pedro pregou para o povo (vv. 4-40).  Quando ele terminou, cerca de 3.000 pessoas foram acrescentadas à igreja (v. 41). Você poderia pensar que uma igreja desse tamanho teria muitos problemas. Mas ela tinha poucos, pois seguiu o projeto.

Na sua infância, a igreja era imaculada e pura. O povo não sabia nada sobre construir uma igreja, eles não tinham nenhum precedente. Eles não tinham um livro sobre igrejas, eles nem sequer tinham o Novo Testamento. Não havia conferências, seminários, convenções, ou peritos que a igreja pudesse olhar. Ainda assim, ela foi construída da maneira de Jesus; e, como tal, é o modelo para a igreja de hoje.


De Volta ao Projeto

Atos 2:42 revela o projeto que eles seguiram: "E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações." Essas coisas compõem a verdadeira função e a vida da igreja. Cada uma delas é vital.


A Composição da Congregação

Jesus constrói uma igreja apenas com aqueles que creem. Os versículos 41 e 42 identificam a igreja como sendo composta por aqueles que "receberam a sua palavra [de Pedro]" e "perseveravam". Jesus disse: "Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos" (João 8:31). Primeira João 2:19 diz: "Saíram de nós, mas não eram de nós; porque, se fossem de nós, ficariam conosco". Permanecer em Cristo é prova de salvação. A igreja em Jerusalém estava cheia de pessoas salvas.

Embora isso possa parecer um princípio tão óbvio, muitas igrejas estão cheias de pessoas não salvas. Um pastor me disse: "Eu acho que o problema da nossa igreja é que metade do conselho não é salvo." Isso é um problema: Como pode Deus e Satanás operarem a igreja juntos? Não há lugar na igreja para pessoas que não amam a Jesus Cristo.

Agora isso não significa que nós não devemos receber os não-crentes como convidados. Nós queremos que eles frequentem a igreja para que possam ouvir sobre Jesus Cristo e cheguem a um conhecimento salvador Dele. No entanto, os membros da igreja - aqueles que servem a Cristo - devem ser salvos.

O que Cristo disse à igreja de Pérgamo ilustra o perigo de uma mistura de crentes e não-crentes na igreja: "Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e fornicassem" (Apocalipse 2:14). Cristo acusou aquela igreja de comprometer-se.

A "doutrina de Balaão" refere-se a Números 22-25. Balaque, rei dos moabitas, queria eliminar Israel. Ele contratou Balaão para amaldiçoar Israel. Quando isso não funcionou como planejado, Balaão inventou um plano alternativo. Ele ensinou a Balaque que corrompesse Israel, permitindo que as mulheres moabitas se casassem com os Israelitas. O plano de Balaão funcionou, e o poder de Israel foi minado.

Isso é exatamente o que aconteceu em Pérgamo. A estratégia de Satanás era simples: infiltrar infiéis na igreja. Uma vez que eles se estabeleceram na igreja, ensinaram adultério espiritual e imoralidade. A condenação de Cristo deixa claro que os cristãos devem, a todo custo, permanecerem puros e separados do mundo. Paulo disse: "Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. "(2 Coríntios 6:14-16).

Em Atos 2:38, Pedro diz: "Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo". Se a igreja é construída da maneira de Cristo, ela não somente será redimida, mas também fortalecida pelo Espírito Santo. Auto-interesse, objetivos pessoais, e pecado devem ser abandonados para que o Espírito de Deus possa estar no comando na assembléia dos fiéis.

E sobre a sua igreja - Você já analisou o rol de membros ultimamente? Você conhece a condição espiritual de cada membro? Essa é a responsabilidade de cada igreja local, pois Cristo só vai abençoar uma igreja empenhada em possuir membros regenerados.


vendredi 7 août 2009

O casamento como ele foi concebido para ser

Efésios 5:22-33, Lucas 1:38, Gênesis 2:24, Deut. 22:6

John MacArthur

Nossa sociedade saturada pelo entretenimento ajuda a nutrir todos os tipos de ilusões sobre a realidade. A fantasia da relação romântica e sexual perfeita, o estilo de vida perfeito, e o corpo perfeito mostram-se todos inatingíveis, porque a realidade nunca chega ao nível da expectativa.

As piores consequências vêm em relação ao casamento. Quando duas pessoas não conseguem atingir as suas expectativas recíprocas, elas irão procurar pela sua satisfação fantasiosa no próximo relacionamento, na próxima experiência, na próxima emoção. Mas esse caminho só leva à auto-destruição e ao sentimento de vazio.

O casamento é o ápice da família, o alicerce da civilização humana. Uma sociedade que não honra e protege o casamento mina a sua própria existência. Por quê? Porque um dos projetos de Deus para o casamento é mostrar para a próxima geração como um marido e uma mulher demonstram amor recíproco, sacrificial, um com o outro.

Mas, quando maridos e esposas abandonam esse amor, o seu casamento deixa de ser o que Deus pretendia. Quando o casamento falha, toda a família se despedaça; quando a família falha, toda a sociedade sofre. E histórias de sofrimento da sociedade enchem as manchetes todos os dias.

Agora, mais do que nunca, é o momento dos cristãos declararem e colocarem em evidência o que a Bíblia declara: o padrão de Deus para o casamento e a família é o único padrão que pode produzir significado, felicidade e realização.

Instruções divinas para esposas

Uma das passagens mais explícitas da Escritura que define o padrão de Deus para o casamento é Efésios 5:22-33. As esposas frequentemente sentem o peso dessa seção, mas a maior parte da passagem lida com a atitude do marido e as suas responsabilidades com a sua esposa. No entanto, aqui está a responsabilidade da esposa perante o Senhor:

Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor. Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja: sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos (v. 22-24).

Submissão em nada implica uma diferença em essência ou valor; ela se refere, no entanto, a uma submissão voluntária de si mesmo. Esposas, a submissão deve ser sua resposta voluntária à vontade de Deus – a submissão é uma disposição de abdicar de direitos em favor de outros crentes, em geral, e de uma autoridade ordenada, em particular, neste caso, o seu próprio marido.

Maridos não são para tratar as suas esposas como escravas, latindo comandos para elas; eles são para tratar as suas esposas como iguais, assumindo a sua responsabilidade, dada por Deus, de cuidar, de proteger e proporcionar-lhes sustento.

Da mesma forma, esposas cumprem sua responsabilidade, dada por Deus, quando se submetem voluntariamente aos seus próprios maridos. Isso reflete não apenas a profundidade da intimidade e vitalidade na sua relação, mas também o senso de propriedade que uma esposa tem para seu marido.

Tenha em mente que a submissão da esposa exige participação inteligente: "Uma sujeição apática, mecânica, não é desejável, se é que isso é possível. A percepção rápida, o discernimento moral claro, o bom instinto de uma mulher fazem dela uma conselheira cuja influência é inestimável e quase sem limites" (Charles R. Erdman, As epístolas de Paulo aos Colossenses e a Filemon [Philadelphia: Westminster, 1966], 103).

Elisabeth Elliot, escrevendo sobre "A essência da feminilidade", oferece um resumo do ideal de Deus para esposas:

Diferentemente de Eva, cuja resposta a Deus foi calculada e interesseira, a resposta da virgem Maria não traz nenhuma hesitação quanto a riscos, ou perdas, ou a interrupção de seus próprios planos. É uma auto-entrega total e incondicional: "Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra" (Lucas 1:38). Isto é o que eu entendo ser a essência da feminilidade. Significa rendição.
Pense numa noiva. Ela entrega a sua independência, o seu nome, o seu destino, a sua vontade, ela mesma para o noivo em casamento... O espírito manso e quieto do qual Pedro fala, chamando-o “precioso diante de Deus” (1 Pedro 3:4), é a verdadeira feminilidade, que encontrou o seu exemplo ideal em Maria (John Piper, Recuperando a Masculinidade e Feminilidade Bíblicas [Wheaton , Ill.: Crossway, 1991], 398, 532, ênfase acrescentada).

Instruções divinas para Maridos

Depois de dar as diretrizes divinas para a submissão da esposa, Paulo dedica os próximos nove versículos de Efésios 5 à explicação do dever do marido de se submeter à sua esposa através do seu amor por ela: "Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela" (v. 25). O modelo do amor do Senhor pela Sua igreja é o modelo do amor do marido por sua esposa, e ele se manifesta de quatro maneiras.

O amor sacrificial

Cristo amou a igreja, "entregando-se a si mesmo por ela." O marido que ama sua esposa como Cristo ama Sua igreja vai desistir de tudo o que ele tem por sua esposa, incluindo a sua vida se for necessário.

A maior parte de vocês, maridos, daria um aval verbal favorável a isso -- literalmente morrer por sua esposa é uma possibilidade tão remota para a maioria de vocês. Mas eu especularia que é muito mais difícil fazer sacrifícios menores, porém reais, por ela.

Maridos, quando vocês põem de lado os seus próprios gostos, desejos, opiniões, preferências, e bem-estar para agradar à sua esposa e satisfazer as necessidades dela, então vocês estão realmente morrendo para si mesmos a fim de viver viver para sua esposa. E é isso que o amor de Cristo exige.

O amor que purifica

Cristo amou a igreja de maneira sacrificial, com este objetivo em mente:

Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível (v. 26-27).

O amor quer somente o melhor para a pessoa quem ama, e não pode suportar que alguém que ama seja corrompida ou enganada por qualquer coisa má ou nociva. Se você realmente ama sua esposa, você vai fazer tudo o que estiver em seu alcance para manter a santidade, virtude, e pureza dela, a cada dia da sua vida.

É óbvio que isto significa que você não fará nada que possa desonrá-la. Não expô-la ou deixá-la aceitar qualquer coisa que possa trazer mácula em sua vida. Não tentá-la em pecar por, digamos, induzir uma briga ao tocar em um assunto que você sabe que é sensível para ela. O amor sempre procura purificar.

O amor que sustenta

Um outro aspecto do amor divino é este:

Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém aborreceu a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja (vv. 28-29).

A palavra traduzida "sustenta" significa literalmente "aquecer com o calor do corpo" -- é usada para descrever um pássaro sentado no seu ninho (por exemplo, Deut. 22:6). Maridos, vocês devem proporcionar um refúgio certo, quente, seguro para a sua esposa.

Quando a sua esposa necessitar de força, dê-lhe força. Quando ela precisar de incentivo, dê-lhe incentivo. O que quer que ela necessite, você é obrigado a fornecer o melhor que puder. Deus escolheu você para sustentá-la e protegê-la, para nutri-la e acalentá-la, e a fazê-lo ", como também o Senhor à igreja."

O amor inquebrável

Para que um marido ame a sua esposa como Cristo ama a Sua igreja ele deve amá-la com um amor inquebrável. Nesta citação direta de Gênesis 2:24, Paulo enfatiza tanto a permanência quanto a unidade do casamento: "Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne" (v. 31). E o padrão de Deus para o casamento ainda não mudou.

Maridos, a sua união com a sua esposa é permanente. Quando você se casou, você teve que sair, unir-se, e tornar-se um com sua mulher -- nunca volte atrás nisso. Deixe sua esposa descansar na segurança de saber que você pertence a ela, para toda a vida.

Assim como o corpo de Cristo é indivisível, o ideal de Deus para o casamento é que ele seja indivisível. Assim como Cristo é um com a Sua igreja, você maridos são um com suas esposas.

Paulo continua, dizendo: "Grande é este mistério: digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja." (v. 32). Por que é que o amor sacrifícial, que purifica e cuida é tão fortemente enfatizado na Escritura? Porque a santidade da igreja está unida à santidade do casamento.

Cristão, o seu casamento é um testemunho da relação entre Cristo e a Sua noiva, a igreja. Seu casamento, ou irá dizer a verdade sobre essa relação, ou ele irá dizer uma mentira.

O que o seu casamento está dizendo ao mundo que o observa? Se vocês andarem na força do Espírito, se renderem à Sua Palavra, e forem mutuamente submissos, vocês podem ter certeza que Deus irá lhes abençoar abundantemente e glorificar o Seu Filho por meio do casamento de vocês.

Adaptado de Different By Design, por John MacArthur

samedi 18 juillet 2009

Cristo é nosso único tesouro

João Calvino (Institutas II, xvi, 19 – traduzido do francês)

Ora, já que nós vemos que toda a soma e todas as partes de nossa salvação estão compreendidas em Jesus Cristo, nós temos que evitar transferir a menor parte que seja a outros lugares. Se nós buscamos salvação: o nome de Jesus nos ensina que ela está somente Nele. Se nós desejamos os dons do Espírito Santo: nós os encontraremos na Sua unção. Se nós buscamos força: ela está no Seu senhorio. Se nós desejamos encontrar doçura e benignidade: Sua natividade no-la apresenta, pela qual Ele se tornou semelhante a nós, para demonstrar a Sua compaixão. Se nós desejamos redenção: Sua paixão no-la dá. Em Sua condenação, nós temos nossa absolvição. Se nós desejamos que a maldição nos seja retirada: nós obtemos esse bem em Sua cruz. A satisfação, nós a temos em Seu sacrifício; a expiação, em Seu sangue; nossa reconciliação foi feita pela Sua descida ao inferno. A mortificação de nossa carne se encontra no Seu sepulcro; a nova vida, em Sua ressurreição, na qual nós também temos a esperança de imortalidade. Se nós buscamos a herança celestial: ela nos é garantida pela Sua ascensão. Se nós buscamos ajuda e conforto, assim como abundância de todos os bens: nós os temos no Seu reino. Se nós desejamos aguardar o julgamento em segurança: nós também temos esse bem, pois Ele é o nosso juiz.

Em suma, já que os tesouros de todos os bens estão Nele, nós devemos Dele os tirar para sermos saciados, e não de outros lugares. Pois aqueles que não estão satisfeitos Nele, oscilam em diversas esperanças, ainda que tiverem o seu foco principal Nele, não se mantêm no caminho correto, porque desviam uma parte de seus pensamentos para outros lugares. Aliás, essa falta de confiança não pode penetrar em nosso entendimento quando, uma vez por todas, nós temos realmente conhecido as Suas riquezas.

jeudi 16 juillet 2009

Tópicos em Mordomia Cristã

Mordomia = regalia?

  • dicionário: administração dos bens de uma casa ou de um estabelecimento alheio

Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam. Porque Ele a fundou sobre os mares, e a firmou sobre os rios. (Salmos 24:1-2)

Tudo é do Senhor

  • Mordomia Cristã, definição da confissão de fé da Convenção Batista do Sul dos EUA:

Deus é a fonte de todas as bênçãos, temporais e espirituais; tudo o que temos e somos devemos a Ele. Os cristãos têm uma dívida espiritual para com o mundo todo, uma confiança sagrada no evangelho e uma mordomia vinculada às suas posses. Eles são, portanto, obrigados a servi-Lo com seu tempo, talentos e posses materiais; e devem reconhecer que tudo lhes foi confiado para que utilizem para a glória de Deus e o auxílio a outras pessoas. De acordo com as Escrituras, os cristãos devem contribuir de maneira alegre, regular, sistemática, proporcional e liberal para o avanço da causa do Redentor na Terra.

Tudo entregarei (CC 295)

  • Publicado pela primeira vez em 1896. Testemunho do autor, Van de Venter, sobre a sua composição1:

Durante muitos anos eu estudei arte. Minha vida inteira foi moldada por essa busca e o serviço cristão ativo era a coisa mais distante da minha mente. Meu sonho era me tornar um notável e famoso artista. Após terminar a faculdade, eu estudei desenho e pintura sob tutela de um professor alemão bem conhecido. Para me ajudar financeiramente, eu dei aulas em escolas e, eventualmente, tornei-me supervisor de arte nas escolas públicas de Sharon, Pensilvânia.

Foi durante esse período da minha vida que um avivamento foi realizado na Primeira Igreja Metodista da qual eu era membro. Fiquei muito interessado nessas reuniões como colaborador. O Espírito de Deus estava me impelindo a desistir do ensino e entrar no campo evangelístico, mas eu não dei o braço a torcer. Eu ainda tinha um ardente desejo de ser um artista. Essa batalha me consumiu por cinco anos. Finalmente chegou o momento em que eu já não pude mais aguentar e então me entreguei completamente - todo o meu tempo e os meus talentos. Foi então que um novo dia iniciou-se em minha vida. Eu escrevi “Tudo Entregarei” em memória da época, em que, após a longa batalha, eu me rendi e entreguei minha vida ao serviço cristão ativo para o Senhor.

  • Sobre Van de Venter, o evangelista Billy Graham deu o seguinte testemunho2:

Um dos evangelistas que influenciaram a minha pregação no início do meu ministério, era também compositor, e escreveu “Tudo Entregarei”, o Rev. Van de Venter. Ele era um visitante regular no Florida Bible Institute (agora Trinity Bible College), no final dos anos 1930. Nós, estudantes, amávamos aquele cavalheiro, gentil, profundamente espiritual e, frequentemente, nos reuníamos em sua casa de inverno em Tampa, Flórida, para uma noite de comunhão e cânticos.

dimanche 5 juillet 2009

O "checklist" do cristão

O que fazer nas áreas "cinzas"

Artigo do Pr. John MacArthur (com pequenas adaptações na tradução)

1 Coríntios 10:25-29; 1 Coríntios 10:32-33; Romanos 14:23

Uma das minhas alegrias como pastor é guiar as pessoas através da Palavra de Deus e explicar as implicações da Palavra em suas vidas. Excita-me ajudar os outros, esclarecendo um ponto de doutrina, interpretando um versículo difícil, ou respondendo quaisquer outras questões. Entre as preocupações levantadas pelas pessoas, não me lembro da última vez que alguém me perguntou se era errado mentir, enganar, roubar, matar, cometer adultério, ou cobiçar. Também faz muito tempo que alguém quis saber se um cristão deve ler a Bíblia, orar, ou falar para os outros sobre a salvação em Jesus Cristo. A Bíblia é muito clara sobre essas coisas.

No entanto, existe uma categoria de perguntas que se encontra em uma zona intermediária. Estas são as questões relacionadas com características da liberdade cristã que se encontram numa área "cinza". Que tipo de entretenimento é aceitável? Que tipo de música é ok? O que um cristão pode ou não fazer no domingo? E sobre o que vestir, o que comer e beber, ou como você gasta o seu tempo livre – a Bíblia trata dessas coisas?

Alguns diriam: "Não, a Bíblia não as aborda. Façam o que quiserem fazer – vocês são livres em Cristo!" Embora seja verdade que a Bíblia não lista especificamente todas as decisões possíveis que você irá enfrentar na vida, ela aborda sim todas as escolhas, através de princípios que regem a liberdade cristã. Quando você comparar suas escolhas em "áreas cinzas" com a seguinte lista de princípios da Palavra de Deus, eu garanto que você encontrará tanto clareza quanto verdadeira liberdade de viver sua vida para a glória de Deus.

Será que isso vai me beneficiar espiritualmente?

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam (1 Coríntios. 10:23).

Algo que "convém" é útil, idôneo, ou interessante para você fazê-lo; e a ideia por trás de "edificar" é de crescer espiritualmente. Assim, baseado neste versículo, pergunte-se, "Será que fazer isso melhora minha vida espiritual? Será que isso cultiva a minha santificação? Será que isso vai me fazer crescer espiritualmente?" Se não, você deve seriamente questionar se esse comportamento é a melhor escolha.

Será que isso vai me trazer servidão?

Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma (1 Coríntios. 6:12).

Na segunda parte deste versículo, Paulo diz, "Eu não me deixarei dominar por [coisa] nenhuma." Se o que você está considerando fazer pode se tornar um vício, por que insistir nisso? Não permita que você se torne um servo de coisa alguma, nem de ninguém. Você é um servo do Senhor Jesus Cristo, e apenas dEle.

Será que isso vai corromper o templo de Deus?

Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus (1 Coríntios. 6:19-20).

Não faça nada que você sabe que vai prejudicar o seu corpo ou trazer-lhe vergonha – ele é o instrumento do qual você dispõe para glorificar Deus. Romanos 6:13 diz, "Nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça." A maneira que você escolhe usar o seu corpo deve sempre refletir sua preocupação em honrar Jesus Cristo.

Será que isso vai fazer alguém tropeçar?

Ora a comida não nos faz agradáveis a Deus, porque, se comemos, nada temos de mais e, se não comemos, nada nos falta. Mas vede que essa liberdade não seja de alguma maneira escândalo para os fracos (1 Coríntios. 8:8-9).

Este é o princípio do amor. Como Romanos 13:10 diz: "O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor." Se você sabe que sua escolha – que você considera "dentro dos limites" e permitida – faz outro cristão tropeçar e pecar, ame esse irmão o suficiente para restringir a sua própria liberdade. Isso não é muito popular na nossa sociedade egoísta, mas é bíblico. Insistir em praticar uma liberdade legítima que provoca problemas para outro cristão é um pecado. Pois, “pecando assim contra os irmãos, e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo. Por isso,” disse Paulo, “se a comida escandalizar a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que meu irmão não se escandalize” (1 Coríntios. 8:12-13).

Será que isso vai atrapalhar a causa da evangelização?

Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus. Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar. (1 Cor 10. :32-33).

Esteja ou não você ciente disso, o que você permite ou proíbe no seu comportamento afeta o seu testemunho de Cristo – e o mundo está observando. O que sua vida diz sobre Deus é uma questão de testemunho. Seu testemunho, quer fala a verdade sobre Deus, quer fala uma mentira. As escolhas que você faz nas áreas "cinzas" devem refletir a sua preocupação em não trazer ofensas à reputação de Deus, e ao invés disso trazer-Lhe louvor.

Será que isso vai violar a minha consciência?

Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado (Rom. 14:23).

Primeira Coríntios 10:25-29 contém três referências à abstenção de uma certa prática "por razões de consciência". Nunca pratique violar sua consciência. Se a sua consciência está incomodada pelo que você esteja considerando fazer, não o faça. Se você não tem certeza, não faça isso. É difícil destacar o suficiente o valor de uma consciência limpa, vale a pena manter sua consciência limpa de modo que a sua relação com Deus não seja prejudicada. Se você se mantiver em oração e no estudo da Palavra de Deus, você irá informar sua consciência, de forma que você possa "andar como filhos da luz... aprovando o que é agradável ao Senhor" (Efésios. 5:8, 10).

Será que isso vai trazer glória a Deus?

Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus (1 Coríntios. 10:31).

Este versículo é claramente tanto a síntese quanto a meta de todos os princípios que eu compartilhei. Não é o grito de nosso coração glorificar o nosso Senhor e Salvador com nossas vidas? Pense em sua decisão – Ele será glorificado, honrado, e louvado por ela? Para que possamos dizer, juntamente com Jesus, "Eu glorifiquei-Te na terra" (João 17:4).

Então que perguntas você tem? Compare-as com os princípios acima e desfrute da sua liberdade em Cristo – a liberdade de ser aquilo que Ele criou você para ser!

vendredi 3 juillet 2009

A Importância do "Velho"

O ancião à senhora eleita, e a seus filhos, aos quais amo na verdade, e não somente eu, mas também todos os que têm conhecido a verdade (II João 1:1)

Uma particularidade da cultura brasileira que acho bastante curiosa é o culto ao “moderno”. Por aqui, parece que algo “moderno” é necessariamente bom, ou ao menos de melhor qualidade em comparação ao que o havia antes. Mas por que isso? Afinal de contas, moderno não é simplesmente “novo”? Não deveríamos considerar esse termo totalmente neutro em relação à virtude do objeto que qualifica? O novo é necessariamente bom?

Lembro-me de quando servi de guia turístico improvisado para uma senhora francesa, aqui em Recife. Ela achou Boa Viagem um bairro totalmente desinteressante (exceto a praia), comentário dela: “aqui é tudo moderno”. O francês típico é como um brasileiro às avessas: o “moderno” é frio, desprovido de história, sem interesse. O que podemos aprender com ele? A senhora francesa adorou se mudar do seu hotel em Boa Viagem para uma pensão em Olinda, numa casa colonial. Aí sim, que ambiente pitoresco, cheio de história, aconchegante.

Penso que as atitudes opostas de brasileiros e franceses são muito ligadas a história de seus países respectivos. A França foi uma super-potência mundial, e não é mais. Os franceses vivem então numa grande melancolia daquilo que “foram e não são mais”. O antigo, o histórico, isso é o importante, a essência da civilização. Já o brasileiro tem um complexo de país atrasado, nós queremos nos modernizar, somos o (eterno?) país do futuro! Então o que queremos é o moderno!

Provavelmente, as duas posições são extremas, e nós devemos tentar encontrar um equilíbrio, nos modernizarmos quando isso for bom, e não esquecermos nossa história, aprendendo com ela. Obviamente isso é mais fácil de dizer do que praticar...

Mas por que o versículo de II João 1:1 na abertura desse texto? Nele, o apóstolo João se apresenta simplesmente como “o ancião”. É provável que ele assim o tenha feito, não somente porque já estava com a idade avançada, mas porque estava desde o começo da carta enfatizando a sua “autoridade”. Culturas da região do início do cristianismo até hoje têm uma reverência e respeito aos “anciãos” muito destacada. Dificilmente se inserido em uma “cultura do moderno” o apóstolo teria se apresentado como “o ancião”.

Isso é um problema das igrejas na nossa cultura brasileira contemporânea. Frequentemente criamos uma verdadeira “obsessão” de modernidade, temos que mudar tudo para tornar a igreja atrativa para as novas gerações.

Recentemente, o pastor Kevin DeYoung (um jovem, de pouco mais de 30 anos), propôs a reflexão seguinte no seu blog. Em I Reis 22:43-44 temos o seguinte texto:

“E [o rei Josafá] andou em todos os caminhos de seu pai Asa, não se desviou deles, fazendo o que era reto aos olhos do Senhor. Todavia os altos não se tiraram; ainda o povo sacrificava e queimava incenso nos altos”

Josafá fazia o que era reto aos olhos do Senhor, com uma exceção: os altos. Esses lugares de sacrifício, herança de culturas pagãs, estavam tão entranhados na cultura local que não foram removidos. DeYoung propõe então a seguinte questão: o que poderíamos identificar como “os altos” das nossas igrejas contemporâneas? Obviamente não podemos fornecer uma resposta dogmática a essa pergunta, afinal os nossos “altos” são justamente erros que não conseguimos notar, de tão permeados que eles estão no nosso dia-a-dia.

Mas por que eu estou falando nessa reflexão do Pr. DeYoung? Porque ele arrisca-se a propor 5 altos das nossas igrejas, um deles sendo a “idolatria da juventude”, o que está intimamente relacionado ao que vinhamos comentando. DeYoung escreve:

Além disso, nós idolatramos a cultura jovem. Nesse aspecto, somos um produto da cultura na qual estamos inseridos (que é, afinal, o que torna altos tão difíceis de serem notados). Todo o mundo está focalizado na faixa demográfica dos 16-29 anos. Tudo é orientado para o que a próxima geração gosta. A cultura jovem é a nossa cultura pop. Isso é tão verdade dentro da igreja quanto fora dela. Nenhuma igreja fala sobre reinventar a igreja de tal forma que ela ressoe com as pessoas mais velhas. Mas muitos de nós estão preocupados em como mudar tudo para que os jovens gostem. Talvez isso aconteça porque os mais velhos são pessoas maduras o suficiente para renunciar aos seus desejos na esperança de tornar a igreja mais suportável para a juventude. Isso seria um exemplo de humildade altruísta. Mas isso não significa que temos que automaticamente supor que o que os jovens gostam é como as coisas devem ser. Os jovens muitas vezes não sabem do que eles deviam gostar. Na maioria das culturas ao longo da história os anciões eram reverenciados por sua sabedoria e respeitados pela sua idade. Será que nós não fizemos o contrário nos nossos dias e reverenciamos os jovens pelos seus gostos e os respeitamos por, bem, não serem velhos?

Mais importante ainda, não temos honrado os membros mais antigos de nossa igreja como deveríamos. Quer seja porque os imaginamos como demasiadamente liberais, ou demasiadamente conservadores, nós tendemos a supor que os mais velhos do que nós simplesmente não entendem. É verdade, às vezes, eles não entendem. Mas o que deveríamos começar supondo é: estes irmãos e irmãs têm caminhado com o Senhor por um longo tempo, talvez eles tenham visto algo que eu ainda não aprendi. Ao invés disso, assumimos que, por sermos jovens, os nossos gostos e estilos devem ser a regra e os velhos simplesmente devem lidar com isso.

Como temos muitos estrangeiros na nossa igreja, eu me tornei mais consciente do quão pouco minha cultura americana incentiva a honrar os pais e respeitar os mais velhos. Infelizmente, vemos isto em muitas igrejas onde o ministério jovem é tudo e o ministério sênior é praticamente nada. Nossa igreja nunca teve muitos aposentados, por isso só agora estamos aprendendo a amar e ministrar melhor para essas pessoas. Eles não estão de forma alguma desamparados (ainda que, de vez em quando, a maioria de nós se sente desamparada), mas eles enfrentam desafios especiais (problemas de saúde, solidão, morte de amigos) que gerações mais jovens não entendem. Nós guiamos as crianças quando elas devem ser desafiadas a fazer mais por si próprias, mas não damos ajuda suficiente para os idosos quando eles realmente não pode fazer tanta coisa por conta própria.

Temos que acabar com quaisquer regras não-escritas que digam que igrejas cheias de pessoas idosas não são merecedoras do tempo de um pastor jovem. E precisamos parar de separar cada geração em seu próprio grupo específico. Os jovens precisam demais dos idosos para continuarmos fazendo isso (e os idosos também irão se beneficiar dos jovens).

Idolatrar nossos anciãos não é a resposta para o problema do culto da juventude. Mas há muito mais embasamento bíblico (e precedentes históricos) para exibirmos honra e deferência para com o que pensam os mais velhos, do que nossa atual obsessão com os caprichos e desejos dos pré-adolescentes, adolescentes, e vinte e poucos anos.

Para finalizar, eu gostaria de deixar um texto, do Gilbert K. Chesterton. Chesterton publicou, em 1908, um livro que se tornou um grande clássico da apologética (defesa da fé através da razão) cristã: Ortodoxia. É um livro delicioso de ler, cujo texto integral (em inglês) já está no domínio público, e pode ser encontrado livremente na internet. Ele também foi traduzido para o português, já o vi em livrarias evangélicas. Em um certo momento, Chesterton faz colocações, bastante ingeniosas, mesmo que provocativas, sobre a importância de levarmos em consideração nossas “tradições”:

Mas há uma coisa que eu nunca consegui entender desde minha juventude. Eu nunca fui capaz de entender de onde as pessoas tiraram a ideia de que a democracia era de certa forma oposta à tradição. É óbvio que a tradição é simplesmente a democracia estendida ao longo do tempo. É confiar em um consenso de vozes humanas ao invés de em algum registro isolado ou arbitrário. (...) Aqueles que incitam contra a tradição, dizendo que os homens no passado eram ignorantes, podem ir e fazê-lo no Carlton Club, juntamente com a declaração de que os eleitores nas favelas são ignorantes. Não vai funcionar conosco. Se damos grande importância à opinião dos homens comuns, em grande unanimidade, quando estamos lidando com questões do dia-a-dia, não há razão pela qual devemos ignorá-los quando lidamos com história ou fábula. A tradição pode ser definida como uma extensão da franquia. Tradição significa dar votos à mais obscura de todas as classes, nossos antepassados. É a democracia dos mortos. A tradição se recusa a se submeter à pequena e arrogante oligarquia dos que simplesmente, por acaso, estão andando. Todos os democratas são contra que homens sejam desqualificados pelo acidente do seu nascimento; a tradição é contra que eles sejam desqualificados pelo acidente da morte. A democracia nos diz para não negligenciarmos a opinião de um homem honesto, mesmo se ele é o nosso mordomo; a tradição nos pede para não negligenciarmos a opinião de um homem honesto, mesmo quando ele é nosso pai. Eu, de maneira alguma, posso separar as duas concepções de democracia e tradição; parece-me evidente que elas são a mesma ideia. Teremos os mortos em nossos conselhos. Os gregos antigos votavam com pedras; os antepassados devem votar com pedras tombais. É tudo bastante normal e oficial, pois a maioria das pedras tombais, assim como a maioria das cédulas eleitorais, são marcadas com uma cruz.

Que tenhamos sabedoria para conciliarmos o novo e o antigo de forma a edificarmos o Corpo de Cristo no presente, e no futuro, sem esquecer o nosso passado.



samedi 27 juin 2009

Eu gosto do que a Bíblia ensina

(de Kevin DeYoung, traduzido do original em inglês)

Cristãos não devem apenas acreditar no que a Bíblia ensina, eles devem gostar do que a Bíblia ensina. Toda a Escritura não é simplesmente suportável, mas proveitosa e inspirada por Deus (2 Tim. 3:16). A lei deve ser o nosso deleite (Salmos 1:2; 119:77; Rom. 7:2). Devemos amar os mandamentos de Deus (Salmos 119:47; 1 João 5:3).

Isto significa que obediência mecânica não é o objetivo. Não queremos nos submeter aos nossos maridos por dever, ou nos sacrificarmos por nossas mulheres por obrigação, ou nos abster de sexo porque Deus é malvado e deve ser ouvido, mas porque queremos. Deus quer mais do que uma obediência resmunguenta ou conformidade externa, ele quer que nos deleitemos na lei de Deus, em nosso interior. Então preste atenção não apenas às suas vontades, mas às suas afeições.

Isto também significa que devemos acabar com linguagens pseudo-espirituais do tipo "Eu não gosto do que a Bíblia diz sobre isso, mas ainda assim eu acredito." Tolice. Embora eu ache que, no fim das contas, é melhor que alguém abrace o complementarianismo chutando e gritando ao invés de ignorá-lo, por que é que você está chutando e gritando com a Palavra de Deus, para começo de conversa? [nt. complementarianismo: visão bíblica de que homens e mulheres não são “iguais”, mas possuem papéis complementares] Eu entendo que todos nós podemos ter períodos de conflito onde lutamos para poder entender completamente e abraçar algum elemento do ensinamento bíblico. Mas, como atitude permanente, uma aceitação resmunguenta não é uma boa opção. Não confiamos que Deus é bom? Não é a lei do Senhor, nosso deleite?

Acreditar mas não gostar do que a Bíblia diz é também um refrão comum quando se trata da doutrina do inferno. Obviamente, nenhum de nós deve ficar alegre ao pensar em pecadores sofrendo em tormento eterno. Afinal, Paulo estava bastante triste com a situação dos seus parentes segundo a carne. Mas angústia a respeito das almas dos perdidos é diferente de uma opinião flutuante sobre a existência do inferno. Quando dizemos coisas como "Se dependesse de mim não haveria um inferno, mas a Palavra de Deus o ensina, então eu acredito", não estamos sendo extra-piedosos, apenas extra-insultuosos.

Primeiramente, não depende de nós. Nunca dependeu e nunca dependerá, por isso vamos tirar isso da mesa. Em segundo lugar, quando nos posicionamos dessa maneira, parece que nos consideramos melhores do que Deus, como se estivéssemos tentando ser um "bom policial" enquanto Deus é um "mau policial." Ainda, e mais importante, estamos ignorando o objetivo do inferno. Deus é glorificado no julgamento dos ímpios. Isso é um grande tabu para ouvidos pós-modernos (ou modernos), mas é verdade. Não fosse pelo inferno, a justiça de Deus não seria feita e a glória do seu nome não seria confirmada. Se nós aceitarmos a doutrina do inferno apenas resmungando, nós não aprendemos a nos deliciar na glória de Deus acima de todas as coisas. Ainda não aprendemos a orar como o nosso primeiro pedido, "Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome."

A Bíblia é verdade e a Bíblia é boa. Quando aceitamos a sua verdade sem realmente gostar dela, só estamos a meio caminho da fé madura. Somos como crianças dizendo "Desculpa" enquanto olhamos para baixo, como um marido comprando flores para que sua esposa não fique zangada, como uma namorada que passa uma vista na carta do seu amado, quando ela deveria apreciar cada palavra e cada verdade em seu coração. Leia a Bíblia. Acredite na Bíblia. Delicie-se em tudo o que ela afirma. Qualquer coisa inferior a isso não é bom para a sua alma.



mardi 23 juin 2009

Resenha: Homilética - da pesquisa ao púlpito

Estou lendo o livro de Jilton Moraes (professor de homilética, doutor em teologia e meu tio), intitulado "Homilética: da pesquisa ao púlpito". Compartilharei algumas anotações que venho fazendo, por capítulo.

Capítulo 1: Para compreender a tarefa

Este capítulo começa apresentando a homilética como arte e ciência da pregação. Em seguida, o autor destaca a importância da pregação na missão da igreja, como um instrumento pelo qual "a mensagem de Cristo é proclamada, vidas são salvas e os salvos são doutrinados, santificados, edificados e equipados".
Nos é destacada a importância do sermão como mensagem do Senhor, e a necessidade de um bom conteúdo e uma boa forma, esta última como maneira de facilitar a comunicação do conteúdo. Jilton Moraes, não deixa de nos alertar que "um sermão com uma boa forma e sem conteúdo é como algodão-doce: pode até impressionar a alguns, mas não permanece; pode até ser bonito, mas não alimenta; pode até atrair, mas não passa de água com açúcar."
O autor enfatiza a necessidade de estudar incansavelmente a palavra de Deus e pregar com a vida, "pois o pregador que não pode viver as palavras que prega precisa calar-se e viver antes de falar."
Em seguida, Jilton Moraes insiste na importância da buscar de inspiração no Senhor, assim como conhecer os ouvintes a fim de alcançar a máxima relevância nos sermões. Faz questão de ressaltar, no entanto, que "o sermão não é eloquente pelo modo como é elaborado ou pregado; não são os princípios homiléticos ou retóricos que determinam a eloquência da mensagem, mas o fato de provir de uma vida nas mãos do Senhor, de ser pregada com a força do assim diz a Palavra do Senhor." (ênfase no original)
É então posto em destaque a importância do amor, sem o qual a pregação não passa de fazer barulho. O pregador deve cultivar a humildade, sendo capaz de chegar ao mais inculto ouvinte, tendo sempre em mente o exemplo de Cristo, o Senhor da Pregação. Por fim, o pregador deve manter-se informado sobre o mundo que o cerca, para melhor conhecer o povo e as suas necessidades.
O capítulo 1 se encerra destacando que embora o trabalho homilético seja de grande importância, é preciso que o pregador se prepare "espiritual, emocional e fisicamente para comunicar com vida, aos pés do Senhor, a mensagem capaz de transformar e edificar vidas."


samedi 20 juin 2009

Os laços que unem

1 Pedro 4:11, 2 Coríntios 7:1 Código: A308

John MacArthur (traduzido do original em inglês)

Os laços que ligamVocê já percebeu quão diferentes os membros da mesma família podem ser? Uma criança pode ser melancólica, enquanto outra é ligada na tomada. Uma pode ser especialmente dotada em música, e uma outra, que não tem interesse em música, pode se sobressair no esporte. Em alguns casos, elas não se parecem nada umas com as outras ou até mesmo com seus pais. No entanto, os membros de uma família compartilham um vínculo mais forte do que as suas diferenças.

Da mesma forma, no Corpo de Cristo, as igrejas desenvolvem as suas personalidades próprias. Algumas podem insistir em cultos formais, enquanto outras crescem em um ambiente descontraído. Mas a coisa mais importante acerca de uma igreja não são as coisas superficiais que a tornam diferente, mas o que ela tem em comum com as outras assembléias cristãs.

Existem algumas verdades – doutrinas fundamentais – com as quais toda igreja verdadeira está comprometida. Essas doutrinas são inalteráveis; elas não podem ser comprometidas de forma alguma. Elas não são negociáveis. Ao abandonar qualquer ponto, a igreja deixa de ser uma igreja. Aqui estão cinco verdades fundamentais que distinguem todas as igrejas autênticas.

Uma Visão Elevada de Deus

É essencial que uma igreja se veja como um corpo de crentes concebidos para a glória de Deus. Infelizmente, a maioria das igrejas hoje se desviaram dessa prioridade e desenvolveram um foco humano: satisfazer as necessidades humanas. Em vez de proclamar fielmente a Palavra de Deus, suficiente para direcionar as mentes das pessoas para Deus, líderes da igreja respondem a necessidades superficiais com soluções temporárias como psicologia, auto-estima, entretenimento, ou uma miríade de outras distrações.

Como resultado, a igreja já não é um organismo que enfatiza o conhecer e glorificar Deus, é uma organização que tenta ajudar as pessoas a se sentirem bem consigo mesmas. Mas se você conhece e glorifica Deus, você não precisa se preocupar com suas necessidades, porque "o temor do Senhor é o princípio da sabedoria" (Prov. 9:10). Quando o seu relacionamento com Deus é correto, a sua perspectiva sobre as suas necessidades também será correta. Isso não significa que devemos ignorar as necessidades das pessoas – devemos estar preocupados com as pessoas da mesma forma como Deus está. Mas deve haver um equilíbrio, e ele começa com uma visão elevada de Deus.

Temos que levar Deus a sério e glorifica-Lo. Sim, devemos chegar às pessoas com o amor de Cristo, mas Deus deve ser o foco da nossa adoração e da nossa vida.

A autoridade absoluta da Escritura

Uma segunda verdade inegociável é a autoridade absoluta da Escritura. Deus se revela principalmente através das páginas da Escritura; é por isso que temos de mantê-la como nossa autoridade absoluta.

Porque acreditamos que a Escritura é verdade, precisamos proclamá-la com convicção e sem relativismo ou pedido de desculpas. A Bíblia faz afirmações ousadas, e cristãos que acreditam nela devem afirmá-la corajosamente.

Qualquer um que proclama a Palavra de Deus fielmente e corretamente vai falar com autoridade. Não é nossa própria autoridade. Na medida em que nosso ensinamento seja fiel à verdade da Escritura, ele tem todo o peso da autoridade do próprio Deus que lhe é subjacente. Isso é um pensamento chocante, mas é precisamente como 1 Pedro 4:11 nos instrui para lidar com a verdade bíblica: "Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus".

Se a Bíblia é verdade, então ela também possui autoridade. Como verdade divinamente revelada, ela carrega todo o peso da autoridade do próprio Deus. Se você declara acreditar na Bíblia, você deve ceder, em última instância, à autoridade bíblica. Isso significa torná-la o árbitro final da verdade - a regra pela qual toda outra opinião é avaliada.

Sã doutrina

Outra verdade inegociável para a igreja é a sã doutrina. Se você tem uma visão elevada de Deus e está comprometido com Ele, você irá obedecer a palavra Dele. O conteúdo da Palavra de Deus é a sã doutrina.

Inúmeros cristãos hoje são vagos sobre doutrina. Muitos pastores oferecem sermões curtos que podem ser estimulantes ou fazerem suas congregações se sentir melhor, mas eles têm pouco a ver com as verdades que interessam. Precisamos de verdades com as quais possamos nos agarrar - verdades sobre Deus, a vida e a morte, céu e inferno, o homem e o pecado, redenção através de Cristo, o ministério do Espírito Santo e anjos, a posição do crente em Cristo, e Satanás e o seu reino. Você precisa ser capaz de ler um texto bíblico, descobrir o que ele diz, e extrair-lhe os princípios divinos. O povo de Deus precisa de doutrina sólida, para construir suas vidas sobre ela.

Santidade Pessoal

Temos de estabelecer fronteiras quando se trata de santidade pessoal e ter cuidado ao que nos expomos ou expomos nossos filhos. Nós não ousamos abaixar nossos padrões para os padrões do mundo. Os cristãos são chamados a viver uma vida pura, e não podemos comprometer isso.

Segunda Coríntios 7:1 diz, "Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus." Uma igreja deve aplicar essa norma (ver Mateus 18:15-17). É por isso que implementamos a disciplina da igreja onde eu pastoreio. Se alguém peca, nós o confrontamos para o seu próprio bem e pelo bem da igreja como um todo.

Muitos cristãos não estão tão preocupados com a sua santidade pessoal como deveriam estar. Onde você está, em termos de santidade e de comunhão verdadeira com o Deus vivo? Líderes da igreja não são os únicos que devem viver vidas santas. Você não pode ter um compromisso hesitante com Deus e esperar que ele aja através de você.

Autoridade Espiritual

Mais um componente que é encontrado em uma igreja bíblica é a autoridade espiritual. Uma igreja deve entender que Cristo é a cabeça da igreja (Eph. 1:22, 4:15) e que Ele aplica Sua lei na igreja por meio de anciãos devotos (1 Thess. 5:13-14; Hebreus. 13:7, 17).

Hebreus 13 diz para nos sujeitarmos àqueles que nos pastoreiam no Senhor, porque eles velam por nossas almas. Sigamos o exemplo deles. Paulo diz: "reconheçais os que trabalham entre vós e que presidem sobre vós no Senhor, e vos admoestam; e que os tenhais em grande estima e amor, por causa da sua obra.” (1 Tess. 5:12-13).

Sou um dos muitos líderes em nossa igreja. Eu sou aquele que Deus escolheu para pregar, mas sou apenas um ancião dentre muitos. Embora existam variações nos dons dos líderes espirituais, mesmo assim há uma igualdade de autoridade espiritual entre aqueles que a Bíblia chama de anciãos ou superintendentes. Essa liderança espiritual é essencial para a Igreja de Jesus Cristo. É por isso que a igreja deve estar comprometida com a formação e a obedecer líderes devotos.

Há espaço para diversidade dentro do Corpo de Cristo. Mas toda igreja verdadeira está unida por certas verdades inegociáveis. Certifique-se de que você e sua igreja estão comprometidos com os laços que unem.

vendredi 12 juin 2009

Que Jesus?

Quem é que vocês dizem que eu sou?

(Adaptado de "Who do You Say That I Am?", de Kevin DeYoung)1

A grandeza de Deus é mais claramente visível no seu Filho. E a glória do evangelho só é tornada evidente no seu Filho. É por isso que a pergunta de Jesus aos seus discípulos é tão importante: "Quem vocês dizem que eu sou?"

A questão é duplamente crucial em nossos dias, porque nem todo Jesus é o verdadeiro Jesus. Quase ninguém é tão popular neste país como Jesus. Quase ninguém se atreveria a falar mal dele. Basta olhar para o cara super legal que ele é na foto ao lado. Mas quantas pessoas conhecem o verdadeiro Jesus?

Há o Jesus liberal que é contra o aumento de impostos, e defende a liberdade do mercado e da iniciativa privada.

Há o Jesus socialista, que é contra Wall Street e as grandes corporações, que defende a redução das emissões de carbono e a distribuição de renda.

Há o Jesus terapeuta, que nos ajuda a lidar com os problemas da vida, cura o nosso passado, diz-nos como somos preciosos e que não devemos ser tão duros com nós mesmos.

Há o Jesus alternativo, que come alimentos orgânicos, adora conversas espirituais, anda de bicicleta e vai a festivais de cinema.

Há o Jesus de mente aberta, que ama a todos, o tempo todo, incondicionalmente, exceto as pessoas que não são tão mente aberta quanto você.

Há o Jesus esportista, que ajuda atletas a correr mais rápido e a saltar mais alto que os não-cristãos e determina os resultados dos campeonatos de futebol.

Há o Jesus mártir, um homem bom que teve uma morte cruel para que pudéssemos sentir pena dele.

Há o Jesus gentil, que era manso e suave, com grandes bochechas, cabelo balançando ao vento, e que anda descalço, vestindo uma faixa, com um ar muito sereno.

Há o Jesus hippie, que ensina a todos que deem uma chance à paz, imaginem um mundo sem religião, e que nos ajuda a lembrar que tudo o que você precisa é amor.

Há o Jesus para cima, que nos encoraja a alcançar o nosso pleno potencial, buscar as estrelas, e comprar um iate.

Há o Jesus espiritual, que odeia religião, igrejas, pastores, padres, e doutrina; que prefere ver as pessoas aproveitando a natureza, encontrando Deus dentro de si e ouvindo músicas espirituais obscuras.

Há o Jesus de palavras bonitas, bom para especiais natalinos, cartões, e maus sermões; ele inspira as pessoas a acreditar em si mesmas, e levanta-nos para que possamos caminhar sobre montanhas.

Há o Jesus revolucionário, que nos ensina a nos rebelarmos contra o status quo, resistir, e culpar o "sistema".

Há o Jesus guru, um professor sábio e inspirador, que acredita em você e o ajuda a encontrar o seu centro.

Há o Jesus namorado, que nos envolve em seus braços à medida que cantamos sobre o seu amor intoxicante em nosso lugar secreto.

Há o Jesus bom exemplo, que mostra como ajudar as pessoas, mudar o planeta, e tornar-se uma pessoa melhor.

E então há Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo. Não apenas mais um profeta. Não apenas mais um rabino. Não apenas mais um fazedor de milagres. Ele foi aquele pelo qual estavam esperando: o Filho de Davi e a semente escolhida de Abraão, aquele para nos livrar do cativeiro, o objetivo da lei mosaica, Yahweh encarnado, aquele para estabelecer o reino e o comando de Deus, aquele para curar os enfermos, para dar vista aos cegos, a liberdade para os presos e proclamar boas notícias para os pobres, o cordeiro de Deus que veio para tirar os pecados do mundo.

Esse Jesus é o Cristo do qual Deus falou à serpente, o Cristo pré-figurado a Noé no dilúvio, o Cristo prometido a Abraão, o Cristo profetizado através de Balaão diante dos Moabitas, o Cristo garantido a Moisés antes de morrer, o Cristo prometido a David quando ele era rei, o Cristo revelado a Isaías como um servo sofredor, o Cristo predito pelos profetas e preparado através de João Batista.

Esse Cristo não é um reflexo do nosso humor atual ou a projeção de nossos próprios desejos. Ele é nosso Senhor e Deus. Ele é o Filho do Pai, Salvador do mundo, e substituto dos nossos pecados - mais amoroso, mais santo, e mais maravilhosamente aterrorizante do que nunca poderíamos imaginar possível.

jeudi 11 juin 2009

Discurso sem verbos

D. Antônio de Macedo Costa

(D. Antônio de Macedo Costa (Bahia, 1830-1891) estudou em Paris e doutorou-se em Roma. Teólogo notável, foi bispo no Pará e juntamente com D. Vital de Oliveira (bispo de Olinda) combateu a Maçonaria. Ambos foram presos e anistiados após um ano e meio).

"Primeira regra de estilo, uma das principais e porventura a mais esquecida de todas: naturalidade por oposição a afetações ridículas.

Quanto no galarim da fama réu deste delito e quantos oradores, aliás dignos de encômios pelos dotes singulares de seu engenho e imaginação, responsáveis perante a crítica sisuda, pela falta de uma nobre simplicidade de estilo e boleio das frases.

Muita atenção, orador noviço, para este ponto capital.

Nada de ornatos supérfluos, apegados como parasitas ocos a cada palavra: miserável ouropel por cima de pensamentos muitas vezes ocos e sem solidez alguma, só para engano da vista de espíritos superficiais ou de mau gosto. Um brilho fosforescente e um deslumbramento passageiro, como o de um fogo de artifício, tal o único mérito desses campanudos oráculos do púlpito cristão.

Idéias porém sólidas e bem dosadas, ordem rigorosa de raciocínio, doutrinas exatas luculentamente expostas, isso nunca. Não assim Bossuet, os Bourdalouse, os Massilon e todos os outros grandes modelos da eloqüência do púlpito do grande século de Luís XIV.

Que nobre simplicidade! Que naturalidade sublime! Que opulenta sobriedade! Qual rio caudaloso por entre margens, ora severa e escarpadas, ora floridas e risonhas, mas sempre formosas de naturalidade, assim o pensamento desses famosos gênios, por entre a frase ora simples, ora mais ornada, sempre porém em relação com o assunto cheio de graças ingênuas, de louçainhas despretensiosas.

A cada um desses grandes gênios o seu merecimento próprio: a Bossuet sobretudo, em suas orações fúnebres, uma grandeza e majestade incomparáveis; ao nosso Vieira, apesar dos seus senões, uma sutileza, uma retentiva e uma fecundidade pasmosa; e assim os mais, cada qual com seus primores e as suas qualidades características, em todos porém a naturalidade e a simplicidade no seu último auge!

A frase sempre límpida, tersa, louçã; o estilo sempre acomodado ao pensamento, modestamente ataviado, sem arrebiques, sem enfeites pretensiosos e ridículos, sem todas essas lentejoulas tão em voga nas épocas de decadência literária.

Mas sobretudo no orador sagrado, no homem do Evangelho, no Ministro de Deus morto na Cruz, nada mais desairoso, em verdade, do que essas afetações de estilo! Ai! Onde aquele espírito dos varões apostólicos, onde aquela abnegação aos vãos ornatos da eloqüência do mundo?

Ministros do Altíssimo, culpados desta espécie de profanação da palavra santa! Desgraçados de vós por este abuso tão estranho dos dons de Deus e das graças do nosso divino ministério! Mas nem mais palavra! Sobre desvios como estes, só lágrimas e muitas lágrimas!"

Discurso sem a letra 'a'

DISCURSO pronunciado pelo Dr. Antônio Araújo Gomes de Sá, em 1918, ao ser admitido como sócio do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia. A originalidade do discurso que publicamos a seguir é que, em quase 1.300 palavras do texto para agradecer a indicação de seu nome naquele Instituto, o Dr. Gomes de Sá, sequer usou uma única vez a letra A. (Publicado na revista Pulso de 29/06/1966)


"Meus ilustres e digníssimos consórcios; meus senhores.

Por mim, humilde membro que vou ser deste Instituto, eu vos direi sem orgulho em que me oculte: errou no que pretende, perdeu no que colime, esse que de mim muito esperou em prol deste luzido grêmio, que, sem o meu débil concurso, vive com brilho e vence com fulgor. Sim.

Porque eu que neste momento vos dirijo um verbo simples e despretensioso, cumprindo somente o desejo de exprimir o sentimento de júbilo de que me possuo, por ser tido no vosso doce e utilíssimo convívio; no meu viver, quer como homem público, quer como eficiente de um tempo ido, sem dons que me nobilitem, sem luzes que me guiem no presente rumo do futuro; em pouco, em muito pouco mesmo, posso proteger o curso luminoso deste conjunto de homens eminentes, deste grêmio benemérito, por isso que, nem de leve, fulgem em mim resquícios de primor.

Fizestes, escolhendo-me em vosso consórcio, o que só costumo ver nos espíritos superiores e que, por isso mesmo, surtem seus vôos por sobre míseros preconceitos.

Eis o motivo por que eu me deixei prender nos elos do vosso gentil convite, e deve dizer-vos, sincero, quem fui, quem sou e quem serei, vencendo o pórtico luminoso deste templo repleto de fulgores.

Quem fui? O débil rebento de um tronco bom, e sobretudo honesto, em cujo viver de espíritos eleitos, só virtudes vi florirem e vícios nem de longe pretenderem prender.

Eduquei-me sob o influxo do bem, e tive por complemento dos meus modestos e humildes genitores, um excelente mestre conhecido de todo vós, que tens disso entre vós erguido mil louvores, que nem lhe pode dizer o seu merecimento entre os velhos, entre os moços e entre os que recebem no presente o brilho do seu espírito seleto, fulgindo como um sol que incide-nos pequeninos cérebros, sequiosos de luz.

Do colégio, de que conservo vivo o exemplo do bom e do honesto, fui vencer o tirocínio superior, onde, por muito feliz, entre docentes e condiscípulos, conservei desde o início, ouvindo Filinto, Leovigildo e Guerreiro, um nome sem deslizes, que desgosto me trouxesse, no meio de muitos estudiosos como eu.

Tenho por mim neste recinto quem vos pode dizer se me exprimo correto neste ponto.

Depois, colhido o louro de um torneio vencido, penetrei o mundo de ilusões, supondo, ingênuo que fui, fluísse em meu viver, num eterno sorrir.

Dentro em pouco, porém, vi que o sorriso nos moços nem sempre é prenúncio de um futuro venturoso e, sim, como prólogo de um sofrer contínuo, de um existir repleto de decepções e mil desgostos sem fim.

Sem que desperte dores no recesso de meu peito ferido, eu vos direi: fúnebre dobre de sinos, ouvido por mim, filho extremoso, pelo espírito desse que me deu o ser e que se foi rumo do céu, morrendo como um justo, entre outros golpes bem fundos, foi o primeiro que me fez sentir os negrores deste mundo em que vivemos.

Sofri e sofri muito com o ter perdido meu excelente e nobre genitor.

Superior porém eu fui, vencendo os óbices do sentimento, tendo, como tive e felizmente tenho, consorte e filhos, meus enlevos que me impelem, cheio de fé e de vigor, no trilho em que me vou conduzindo neste orbe, rico de dores e pobre, muito pobre mesmo, de momentos bons e felizes como este.

Isto é que fui.

Que sou?

Um pequenino servo de Têmis que fiz do Direito em si o ponto que em reside o imenso bem dos homens, e que Deus quis fosse tido por nós como virtude de virtudes, e que dele mesmo nos veio por intermédio do conhecimento que todos nós devemos ter direitos e deveres próprios, bem como dos de outrem.

Eu vos disse de princípio que tínheis feito de mim um juízo imerecido, escolhendo-me vosso consórcio.

Disse e repito.

Como o serdes gentis ergueste-me, um homem simples que sempre fui, nos estos de outro indivíduo, desejoso de ter nome e ter estudos que o elevem, que o dignifiquem, por meio dos conhecimentos científicos, vendo, ouvindo, lendo como se de cérebros sem luz seguissem sem temores, no intuito de vencer.

Eis o que sou.

E o que serei?

Se fui um zero, como vos disse, hoje sou um número dentre vós que no futuro hei de escrever com imenso orgulho todo meu por me sentir no vosso doce e superior convívio.

Flui do meu ser um júbilo incontido, por me ver neste recinto, todo luz, todo belo, todo proveito, como se nesse templo se celebre sob os meus olhos o novo surgir de um sol no meu espírito, sequioso de lumes, que me exitem o empenho de viver no centro puro em que me detendes com os fortes grilhões dos vossos profundos conhecimentos.

Tudo eu terei, recebendo de vosso ensino o que deixei de ter em outros tempos, quer porque o desleixo me tolhesse, quer porque inconsciente ou cego que estivesse.

E venho beber convosco em fonte cujo espelho reflete os melhores dons contidos nesse sólido, no mesmo berço que Rui, o vinho científico me inebrie o intelecto, sorvendo-o em copos de ouro.

E venho com os olhos fitos nesse horizonte cheio de luz.

E vendo os seus primores, sentindo-lhe os nobres feitos, noto que por isso mesmo, tudo menos eu concorre com seu brilho em benefício desse grêmio, cujos pórticos, neste momento, penetro como sócio.

Sinto-me um homem diferente, sinto-me muito bem, como se de mim se fosse um outro eu e o próprio ressurgisse, revivesse sob o influxo poderoso de vossos fecundos empreendimentos.

Meu íntimo sentir, que os vossos sentidos percebem nos breves termos de meu singelo dizer, é tudo o que de sincero reside nos refolhos do meu peito, repleto desse mesmo vigor e nobre volições com que tendes erguido o Instituto Histórico, que de mim pode ter somente fogosos e efusivos elogios.

Tendes nisso o meu futuro proceder".

Neste discurso, produto exclusivo de um esforço ingente que despendi, como noviço que sou de vosso culto, vede somente o desígnio que nutri de exprimir os meus sentimentos sem o emprego de um símbolo de todo preciso no modo de dizer e de escrever o que os nossos espíritos concebem e podem produzir.

Quis, tentei e consegui que me ouvísseis por minutos, sem que dissesse o primeiro signo com que se expõe os estilos.

Revele-se-me o inepto intento.

Perdoe-se-me o estulto propósito.

No intuito que tive e bem vedes que o cumpri, louve-se menos em mim o esquisito escopo, que o meu ilustre e glorioso mestre Ernesto C. Ribeiro, que recebe de um seu discípulo, num excêntrico discurso, os meus íntimos encômios, pois dele eu só tenho tido luzes e conselhos com que pudesse ser recebido neste Instituto.

Ele, o emérito cultor do verbo que o celebrizou entre os profundos conhecedores do Português, que encontre no meu gesto o empenho que tive de querer ser-lhe gentil, dizendo-lhe, de público, o muito bem que lhe quero e o sincero respeito que lhe voto.

Consórcios.

Sede indulgentes comigo.

Recebei-me como se eu fosse um proscrito que buscou o recolhimento deste teto, em que vejo luzindo os espíritos nobres dos conselheiros Torres e muitos outros de escol; do mesmo modo que crio o desejo certo e imperecível de tudo empreender em prol deste Instituto, dos seus benefícios presentes e futuros, do seu brilho eterno, do seu progresso vencedor, do seu indefectível merecimento, do seu luzente fim, do seu destino vigoroso, conhecidos urbi et orbi como sobremodo úteis e por sempre proveitosos.

Tenho concluído.

samedi 6 juin 2009

Citation

L'absence diminue les médiocres passions et augmente les grandes, comme le vent éteint les bougies et allume le feu.

Os perigos do misticismo

Kevin DeYoung (traduzido do original em inglês)

Eu já comentei anteriormente que gosto de começar o meu tempo devocional da manhã, lendo, seja um clássico, seja um livro de alguém que já morreu. Recentemente tenho lido o livro de Herman Bavinck [nt. teólogo, 1854-1921], Saved by Grace: The Holy Spirit's Work in Calling and Regeneration (Salvos pela Graça: O Trabalho do Espírito Santo no Chamado e na Regeneração). Este trabalho, que é extraído de seu trabalho Dogmática, em quatro volumes, focaliza-se na controvérsia do seu tempo, a respeito da regeneração imediata e da regeneração presumida.

Como eu tenho refletido sobre os Anabatistas, pensei que seria útil citar a discussão de Bavinck sobre o misticismo Anabatista (que eu não estou equiparando com os Neo-Anabatistas). Após constatar que os Anabatistas muitas vezes faziam referência a uma luz interna ou Palavra interior como a sua autoridade, Bavinck comenta mais amplamente sobre misticismo.

A sua ideia fundamental, embora modificada de uma maneira Cristã dentro de círculos cristãos, é essencial para todo misticismo, onde quer que ele tenha surgido - seja na Índia ou na Grécia, na Pérsia ou no Egito. Posta de uma forma simples, ela é a seguinte: a fim de encontrar a verdade ou a vida ou a salvação – em uma palavra, para encontrar Deus – uma pessoa não precisa sair de si mesmo, só precisa mergulhar dentro de si. Deus habita dentro das pessoas, fazendo a Sua morada no interior da pessoa, quer através da natureza ou por meio de uma descida especial, sobrenatural na pessoa. Afinal, religião não envolve doutrina ou atividade, pensar ou agir, mas a religião envolve viver em Deus, em união e comunhão com Deus, o que pode ser desfrutado apenas nas profundidades da psique de cada um, na imediação da consciência de cada um.

Bavinck discorda deste tipo de misticismo, mas ele não o considera desprovido de resultados positivos a curto prazo.

Quando esta noção foi expressada em momentos da história por uma pessoa de profunda seriedade e firme convicção, encontrando um acordo acolhedor e entusiástico em algum círculo pequeno ou grande, ela frequentemente deu origem a exuberância, coragem, entusiasmo, e um profundo e glorioso misticismo. Este também foi o caso inicialmente com os Anabatistas. Naquela época, havia muitos crentes firmes entre eles, muitos genuínos filhos de Deus. O que quer que se fale sobre os Anabatistas, não devemos nunca esquecer que em grande número e com notável fé e coragem, eles sacrificaram seus bens e seu sangue para a causa do Senhor.

Após ter fornecido esse caloroso elogio, Bavinck passa a comentar o perigo do misticismo Anabatista.

Mas o princípio logo manifestou as suas implicações errôneas. Primeiramente, as pessoas passaram a se satisfazer apenas com a Palavra interna, desprezando a Escritura e a igreja, o culto e os sacramentos [nt. o batismo e a santa ceia], apelando para revelações privadas e tornando-se culpadas de vários excessos. Em segundo lugar, quando a exuberância inicial passou, gradualmente a Palavra interna foi roubada de seu caráter especial, sobrenatural, tornando-se cada vez mais identificada com a luz natural da razão e da consciência. O supra-naturalismo abstrato foi seguido pelo racionalismo... A luz interna veio progressivamente a ser identificada, tal como acontece com os Quakers, por exemplo, com a luz da natureza. Em ambos os casos, no entanto, a Escritura não continha nada além daquilo que a pessoa já tinha aprendido pelo Espírito de Deus.

O padrão tem se repetido muitas vezes. As pessoas começam a prestar cada vez menos atenção à Escritura, dizendo que Ela possui erros ou não pode ser entendida, ou que é menos espiritual do que o Espírito dentro de nós. Exuberância, coragem, e atividades seguem, à medida que as pessoas se sentem vivas e menos algemadas pela "tradição" e proposições fixas. Com a sua verdade interior recém-encontrada, essas pessoas tornam-se cada vez mais insatisfeitas com sermões, noções de autoridade, e a Igreja-como-nós-a-conhecemos. Mais exuberância. Mas eventualmente a excitação desgasta-se. A atividade morre. O que resta é a Palavra interna, que, no final, não é diferente das nossas próprias opiniões, convicções e desejos.

Sem uma Palavra exterior, objetiva, a Palavra interna sempre abre o caminho para o racionalismo, porque, ao apelar para os nossos sentimentos interiores, acabamos simplesmente por apelar para a nossa própria razão. Ao longo do tempo, então, é cada vez mais silenciada a Escritura, à medida que continuamos a fazer e pensar o que queremos, e a Escritura é consultada apenas para confirmar aquilo que nós já "sabemos". O resultado é uma igreja fria, sem vida, sem o poder de Deus ou a verdade da Palavra de Deus.

vendredi 10 avril 2009

Nossa Irmã Natureza

E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar. (Marcos 5:11-13)

Esse trecho do Evangelho de Marcos faz parte de uma narrativa na qual Jesus cura um homem possuído por demônios, expulsando-os. Ao lê-la, pode nos passar desapercebido o seguinte detalhe: para Jesus, a vida de um homem é mais importante do que a vida de dois mil porcos. Se isso lhe parece óbvio demais, parabéns. Ao longo da história da humanidade, a importância da vida humana foi um pressuposto óbvio. No entanto, como podemos justificá-la? Em maio de 2008, a revista americana de divulgação científica NewScientist trouxe um artigo de capa intitulado “Seres humanos são obviamente únicos. Mas é surpreendentemente difícil dizer por quê”. A revista destaca sete características que vinham sido consideradas como exclusivas dos seres humanos: cultura, capacidade de refletir sobre o que os outros irão pensar, emoções, uso de ferramentas, moral, personalidade e linguagem. Entretanto, a revista nos mostra que, nos últimos anos, cada uma dessas características foi observada em alguma espécie de animal “irracional”. Elas estariam presentes no homem apenas em uma versão mais desenvolvida.

Poderíamos então chegar a conclusão natural da teoria da evolução: o homem nada mais é que um animal mais desenvolvido? Vivemos numa época de confusão, onde muitas pessoas aderem a essa máxima. Recentemente, uma organização defensora do vegetarianismo lançou uma grande campanha mundial de marketing intitulada “O Holocausto no Seu Prato”. Nela, pessoas que comem carne eram comparadas aos nazistas que assassinaram em massa judeus durante a segunda guerra mundial. Hoje em dia, além de um grande número de vegetarianos, há um grupo ainda mais estrito, os veganistas, que se negam a comer qualquer alimento de origem animal. As consequências são às vezes terríveis. Em 2007, um editorial do jornal americano The New York Times trazia à tona a condenação de um casal de veganistas por homicídio culposo e maus-tratos. Seu bebê, de apenas 6 semanas, morreu de desnutrição. O casal, que pretendia criar o bebê de acordo com as convicções veganistas, o alimentava apenas com leite de soja e suco de maçã. Infelizmente, segundo o jornal, este foi apenas mais um dentre outros casos similares registrados nos últimos anos.

O cristianismo tem uma resposta simples, porém maravilhosa: o ser humano é único, pois apenas ele foi criado à imagem de Deus. Embora essa imagem tenha sido corrompida pelo pecado, ela não foi removida, e é a verdadeira marca de nossa humanidade. Deus nos deu o domínio sobre toda a Terra, e nos autorizou a utilizar os animais como alimento. Todo alimento é puro (Gên. 1:26, 9:3; Rom. 14:20; I Cor 8:8, 10:25). Quando abandonamos a justificativa divina para a superioridade do homem, instala-se a idolatria da natureza. Mudamos a verdade de Deus em mentira, e passamos a honrar mais a criatura do que o Criador (Rom. 1:25). Não existe uma “mãe natureza”. Pois não somos filhos da natureza, mas fomos feitos pelo mesmo criador. Assim, podemos talvez vê-la como uma irmãzinha, da qual temos a responsabilidade de cuidar, com muito carinho. Afinal, ela é parte da criação, através da qual se manifesta a glória de Deus (Salmos 8).

mercredi 25 mars 2009

Castelo Forte (323 CC)

Lutero foi uma das pessoas que, no fim da idade média, mais lutou para levar a palavra de Deus às mãos das pessoas comuns, na sua língua nativa. Seu objetivo era que as pessoas conhecessem a Palavra de Deus e vivessem de acordo com ela.

Mas, depois da palavra de Deus, Lutero era apaixonado pela música sacra. Uma vez declarou: “Depois da teologia, eu dou à música o lugar mais elevado e a maior honra. Eu não trocaria o pouco que eu sei de música por algo grandioso. A experiência prova que depois da Palavra de Deus, somente a música merece ser exaltada como mestra e governadora dos sentimentos do coração humano.”

Seu amor pela música aliado ao seu desejo de que o culto cristão estivesse totalmente de acordo com a palavra de Deus o conduziu a criar o canto congregacional. Na igreja católica medieval, da qual Lutero era monge da Ordem de Santo Agostinho e Doutor em Teologia, a congregação praticamente não cantava. Os cânticos eram realizados apenas pelo sacerdote que conduzia a missa e pelo coral, ficando a congregação limitada a recitar algumas respostas. A partir do estudo da Palavra de Deus, Lutero descobriu que todos os crentes são sacerdotes diante de Deus, por exemplo, o apóstolo Pedro escrevendo a diversos grupos de cristãos dispersos, disse: “vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9). Assim, não poderia haver na igreja duas classes de crentes, os sacerdotes e os cristãos comuns. Sendo todos sacerdotes, todos, sem distinção deveriam cantar louvores ao Senhor. Lutero, então, concluiu que a liturgia deveria ser mudada, e toda a congregação deveria cantar. Surge assim o canto congregacional no culto cristão. Essa atitude de Lutero nos mostra a importância de que cada ato que fazemos no culto ao Senhor deve estar fundamentado na Sua Palavra, que é a base da fé. Não é possível prestar um culto agradável a Deus se ele é contrário à Sua Palavra.

Lutero lançou-se então à tarefa de criar um hinário congregacional. Ele compôs vários hinos, mas o que se tornou o mais conhecido de todos, foi o hino Castelo Forte (323 do CC). Para compor esse hino, Lutero começou inspirando-se no Salmo 46, que diz: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”. Em seguida, seguem-se partes inspiradas de trechos das epístolas de Paulo e do livro de Apocalipse.

A angústia esteve sempre presente na vida de Lutero. As palavras desse hino nos mostra de onde Lutero retirava forças para enfrentá-la. Ele foi composto numa época muito marcante na vida de Lutero, quando depois de o Papa ter declarado que ele seria banido a menos que se retratasse (negando o que tinha escrito e publicado), Lutero foi ouvido diante do Imperador da então Alemanha e dos príncipes governadores do Império. Esses também insistiram que ele se retratasse. Depois de fazer um belo discurso, citando vários trechos da Bíblia, em que destacava a importância de obedecer à Palavra de Deus, Lutero foi pressionado a responder de maneira direta, sem rodeios, se retiraria ou não o que publicara. Respondeu então da seguinte forma:

Como Vossa Santa Majestade e Vossas Senhorias exigem uma resposta simples, eu a dou sem rodeios. Eis a resposta: a menos que me convençam do contrário por afirmações da Escritura ou por razões evidentes – pois eu não dou fé nem ao Papa nem ao concílios, unicamente, pois é evidente que eles erraram muitas vezes antes e se contradisseram entre si –, eu estou amarrado pelos textos da escritura que eu citei e minha consciência é prisioneira das palavras de Deus; eu não poderia nem quero me retratar em coisa alguma, pois não é nem seguro nem honesto agir contra sua própria consciência. Não posso fazer de outra forma. Aqui estou. Que Deus me ajude!

Quando olhamos para sua vida, vemos que ele realmente confiava no que diz o seu famoso hino. Como alguém que desafiou príncipes, o Imperador e o Papa, pondo em risco a sua vida porque insistia em obedecer primeiro à palavra de Deus, Lutero viveu intensamente essas palavras de Jesus: “não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mateus 10:28).

Bibliografia

Roland H. Bainton. Here I Stand: A Life of Martin Luther. Abingdon Press, Nashville, 1978. (em inglês)

Martinho Lutero. Discurso em Worms. In: Luther, Œuvres. Marc Lienhard e Matthieu Arnold, editores. Coleção Bibliothèque de la Pléiade. Gallimard, 1999. (em francês)