vendredi 10 avril 2009

Nossa Irmã Natureza

E andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos. E todos aqueles demônios lhe rogaram, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles. E Jesus logo lho permitiu. E, saindo aqueles espíritos imundos, entraram nos porcos; e a manada se precipitou por um despenhadeiro no mar (eram quase dois mil), e afogaram-se no mar. (Marcos 5:11-13)

Esse trecho do Evangelho de Marcos faz parte de uma narrativa na qual Jesus cura um homem possuído por demônios, expulsando-os. Ao lê-la, pode nos passar desapercebido o seguinte detalhe: para Jesus, a vida de um homem é mais importante do que a vida de dois mil porcos. Se isso lhe parece óbvio demais, parabéns. Ao longo da história da humanidade, a importância da vida humana foi um pressuposto óbvio. No entanto, como podemos justificá-la? Em maio de 2008, a revista americana de divulgação científica NewScientist trouxe um artigo de capa intitulado “Seres humanos são obviamente únicos. Mas é surpreendentemente difícil dizer por quê”. A revista destaca sete características que vinham sido consideradas como exclusivas dos seres humanos: cultura, capacidade de refletir sobre o que os outros irão pensar, emoções, uso de ferramentas, moral, personalidade e linguagem. Entretanto, a revista nos mostra que, nos últimos anos, cada uma dessas características foi observada em alguma espécie de animal “irracional”. Elas estariam presentes no homem apenas em uma versão mais desenvolvida.

Poderíamos então chegar a conclusão natural da teoria da evolução: o homem nada mais é que um animal mais desenvolvido? Vivemos numa época de confusão, onde muitas pessoas aderem a essa máxima. Recentemente, uma organização defensora do vegetarianismo lançou uma grande campanha mundial de marketing intitulada “O Holocausto no Seu Prato”. Nela, pessoas que comem carne eram comparadas aos nazistas que assassinaram em massa judeus durante a segunda guerra mundial. Hoje em dia, além de um grande número de vegetarianos, há um grupo ainda mais estrito, os veganistas, que se negam a comer qualquer alimento de origem animal. As consequências são às vezes terríveis. Em 2007, um editorial do jornal americano The New York Times trazia à tona a condenação de um casal de veganistas por homicídio culposo e maus-tratos. Seu bebê, de apenas 6 semanas, morreu de desnutrição. O casal, que pretendia criar o bebê de acordo com as convicções veganistas, o alimentava apenas com leite de soja e suco de maçã. Infelizmente, segundo o jornal, este foi apenas mais um dentre outros casos similares registrados nos últimos anos.

O cristianismo tem uma resposta simples, porém maravilhosa: o ser humano é único, pois apenas ele foi criado à imagem de Deus. Embora essa imagem tenha sido corrompida pelo pecado, ela não foi removida, e é a verdadeira marca de nossa humanidade. Deus nos deu o domínio sobre toda a Terra, e nos autorizou a utilizar os animais como alimento. Todo alimento é puro (Gên. 1:26, 9:3; Rom. 14:20; I Cor 8:8, 10:25). Quando abandonamos a justificativa divina para a superioridade do homem, instala-se a idolatria da natureza. Mudamos a verdade de Deus em mentira, e passamos a honrar mais a criatura do que o Criador (Rom. 1:25). Não existe uma “mãe natureza”. Pois não somos filhos da natureza, mas fomos feitos pelo mesmo criador. Assim, podemos talvez vê-la como uma irmãzinha, da qual temos a responsabilidade de cuidar, com muito carinho. Afinal, ela é parte da criação, através da qual se manifesta a glória de Deus (Salmos 8).