mercredi 25 mars 2009

Castelo Forte (323 CC)

Lutero foi uma das pessoas que, no fim da idade média, mais lutou para levar a palavra de Deus às mãos das pessoas comuns, na sua língua nativa. Seu objetivo era que as pessoas conhecessem a Palavra de Deus e vivessem de acordo com ela.

Mas, depois da palavra de Deus, Lutero era apaixonado pela música sacra. Uma vez declarou: “Depois da teologia, eu dou à música o lugar mais elevado e a maior honra. Eu não trocaria o pouco que eu sei de música por algo grandioso. A experiência prova que depois da Palavra de Deus, somente a música merece ser exaltada como mestra e governadora dos sentimentos do coração humano.”

Seu amor pela música aliado ao seu desejo de que o culto cristão estivesse totalmente de acordo com a palavra de Deus o conduziu a criar o canto congregacional. Na igreja católica medieval, da qual Lutero era monge da Ordem de Santo Agostinho e Doutor em Teologia, a congregação praticamente não cantava. Os cânticos eram realizados apenas pelo sacerdote que conduzia a missa e pelo coral, ficando a congregação limitada a recitar algumas respostas. A partir do estudo da Palavra de Deus, Lutero descobriu que todos os crentes são sacerdotes diante de Deus, por exemplo, o apóstolo Pedro escrevendo a diversos grupos de cristãos dispersos, disse: “vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (I Pedro 2:9). Assim, não poderia haver na igreja duas classes de crentes, os sacerdotes e os cristãos comuns. Sendo todos sacerdotes, todos, sem distinção deveriam cantar louvores ao Senhor. Lutero, então, concluiu que a liturgia deveria ser mudada, e toda a congregação deveria cantar. Surge assim o canto congregacional no culto cristão. Essa atitude de Lutero nos mostra a importância de que cada ato que fazemos no culto ao Senhor deve estar fundamentado na Sua Palavra, que é a base da fé. Não é possível prestar um culto agradável a Deus se ele é contrário à Sua Palavra.

Lutero lançou-se então à tarefa de criar um hinário congregacional. Ele compôs vários hinos, mas o que se tornou o mais conhecido de todos, foi o hino Castelo Forte (323 do CC). Para compor esse hino, Lutero começou inspirando-se no Salmo 46, que diz: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”. Em seguida, seguem-se partes inspiradas de trechos das epístolas de Paulo e do livro de Apocalipse.

A angústia esteve sempre presente na vida de Lutero. As palavras desse hino nos mostra de onde Lutero retirava forças para enfrentá-la. Ele foi composto numa época muito marcante na vida de Lutero, quando depois de o Papa ter declarado que ele seria banido a menos que se retratasse (negando o que tinha escrito e publicado), Lutero foi ouvido diante do Imperador da então Alemanha e dos príncipes governadores do Império. Esses também insistiram que ele se retratasse. Depois de fazer um belo discurso, citando vários trechos da Bíblia, em que destacava a importância de obedecer à Palavra de Deus, Lutero foi pressionado a responder de maneira direta, sem rodeios, se retiraria ou não o que publicara. Respondeu então da seguinte forma:

Como Vossa Santa Majestade e Vossas Senhorias exigem uma resposta simples, eu a dou sem rodeios. Eis a resposta: a menos que me convençam do contrário por afirmações da Escritura ou por razões evidentes – pois eu não dou fé nem ao Papa nem ao concílios, unicamente, pois é evidente que eles erraram muitas vezes antes e se contradisseram entre si –, eu estou amarrado pelos textos da escritura que eu citei e minha consciência é prisioneira das palavras de Deus; eu não poderia nem quero me retratar em coisa alguma, pois não é nem seguro nem honesto agir contra sua própria consciência. Não posso fazer de outra forma. Aqui estou. Que Deus me ajude!

Quando olhamos para sua vida, vemos que ele realmente confiava no que diz o seu famoso hino. Como alguém que desafiou príncipes, o Imperador e o Papa, pondo em risco a sua vida porque insistia em obedecer primeiro à palavra de Deus, Lutero viveu intensamente essas palavras de Jesus: “não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mateus 10:28).

Bibliografia

Roland H. Bainton. Here I Stand: A Life of Martin Luther. Abingdon Press, Nashville, 1978. (em inglês)

Martinho Lutero. Discurso em Worms. In: Luther, Œuvres. Marc Lienhard e Matthieu Arnold, editores. Coleção Bibliothèque de la Pléiade. Gallimard, 1999. (em francês)

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